O assalto ao Grupo Sousa Lima
A minha homenagem ao Eng. Jaime de Sousa Lima
Manuel Vitorino de Queiroz – Jurista e Professor Universitário
“Quem não tem memória, não tem identidade”.
Com esta singela citação do General De Gaulle inicio o texto desta homenagem pessoal ao Senhor Engº Jaime de Sousa Lima, convergindo no tempo da homenagem pública que lhe é prestada em sessão solene, presidida pelo Presidente do Governo Regional dos Açores, na Escola Secundária de Lagoa.
Na verdade, evocar em vida, felizmente longa, activa e interveniente, o exemplo do Engº Jaime de Sousa Lima é convocar a memória do maior grupo privado dos Açores, cuja história teve início em 1922, a partir de um modesto estabelecimento fundado por Nicolau Sousa Lima, na cidade de Ponta Delgada.
O contributo do Engº Jaime de Sousa Lima para a consolidação, crescimento e expansão do GRUPO SOUSA LIMA que, durante várias décadas, foi uma referência de identidade empresarial, económica, social e cívica, é um dado objectivo, reconhecido publicamente pela generalidade da sociedade açoreana.
Para além das palavras, dados que, recentemente, vieram a público, através da comunicação social, mostram bem a mais-valia do Grupo NSL, acumulada ao longo dos anos da gestão do Engº Jaime de Sousa Lima e continuada pelo Engº Nicolau de Sousa Lima e ora aproveitada por accionistas que, em 2004, assumiram o controlo maioritário do Grupo NSL, para agora, dois meros anos depois, colocarem à venda as suas acções, transferindo, assim, o controlo maioritário do Grupo para terceiros.
Os títulos colocados à venda pelo “grupo da mão invisível” (refiro-me, como é óbvio, a Adam Smith, o importante teórico escocês do liberalismo económico, que defendia que “ o melhor resultado se obtêm quando os membros de um grupo fazem o que é melhor para a sua bolsa”), suscitaram o interesse imediato de grandes grupos económicos (nacionais, regionais RAA e regionais RAM) e, até de outros “grupos de interesse”. Como escreveu o mesmo Adam Smith, na sua obra clássica “ A riqueza das nações”: "Pessoas do mesmo ofício raramente se encontram, mesmo que em alegria ou diversão, mas se tiver lugar, a conversa acaba na conspiração contra o público, ou em qualquer artifício para fazer subir os preços".
Não é apenas à lúcida capacidade de gestão do Engº Jaime de Sousa Lima que importa prestar a devida homenagem: é, também, e principalmente, à sua envergadura moral, à sua postura de cidadão responsável, à sua capacidade de voar bem alto, lá onde voam os “accipter gentilis, Lin.”, vulgo “açores”, deixando os predadores rastejantes cá pela terra, pensando que podem abater, fatiar e transformar em “harmónio”, uma “obra” económica e social que, de acordo com a própria “home page” do Grupo “gerindo activos consolidados de cerca de 220 milhões de euros e com um volume de negócios agregado na ordem dos 230 milhões de euros...tem uma contribuição relevante para a economia regional dos Açores”. Nesta mesma fonte se acrescenta: “contando com cerca de 1800 colaboradores, a sua actividade é o alicerce económico de cerca de 5.000 pessoas”.
Perante estes números “oficiais” cumpre-me inquirir: a memória é curta, ou será que, por hipotética acaso as mais-valias alienadas, foram, por milagre, criadas e entre Junho de2004 e Novembro de 2006?
Nestes últimos anos tive ocasião de testemunhar a coerência e a coragem do Senhor Engº Jaime de Sousa Lima, tendo tido a subida honra de o representar em assembleia geral da sociedade “holding” do Grupo NSL. Foi assim que tive oportunidade de apreciar o rigor, a ética e o respeito pelos valores comuns ao Fundador do Grupo, que o Engº Jaime de Sousa Lima cultiva como forma de estar na vida e na sociedade. É este mais um motivo para me associar, por esta forma, escrita e assinada, à homenagem prestada na Escola Secundária de Lagoa.
A quem prosseguir a obra do Fundador do Grupo Nicolau Sousa Lima e dos seus verdadeiros continuadores, os meus votos sinceros de que saiba, ainda que sob outras vestes, respeitar a Memória e a Identidade do Grupo. Se for um Grupo Regional autêntico, tanto melhor! O crescimento económico sinergético que daí resultar, será, no actual contexto, que creio não ter sido procurado nem desejado pelo Engº Jaime de Sousa Lima, mais um tributo que lhe é prestado.
Conforta-me saber que o Presidente do Governo Regional dos Açores está presente e preside ao preito público. Presente está, assim, a Região Autónoma, ao seu mais alto nível institucional. Uma Região com memória é uma Região com futuro!
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